segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sou de Casa Forte eu Sou Mameluco sou Leão do Norte




Leão do Norte ( Lenine )


Sou o coração do folclore nordestino


Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá


Sou o boneco do Mestre Vitalino


Dançando uma ciranda em Itamaracá


Eu sou um verso de Carlos Pena Filho


Num frevo de Capiba


Ao som da orquestra armorial


Sou Capibaribe


Num livro de João Cabral


Sou mamulengo de São Bento do Una


Vindo no baque solto de Maracatu


Eu sou um alto de Ariano Suassuna


No meio da Feira de Caruaru


Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta


Levando a flor da lira

Pra nova Jerusalém



Sou Luis Gonzaga

E eu sou mangue também


Eu sou mameluco, sou de Casa Forte


Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte


Sou Macambira de Joaquim Cardoso


Banda de Pife no meio do Canavial


Na noite dos tambores silenciosos


Sou a calunga revelando o Carnaval


Sou a folia que desce lá de Olinda


O homem da meia-noite puxando esse cordão


Sou jangadeiro na festa de Jaboatão


Eu sou mameluco...


É gente mês de Agosto tá ai e como diz o ditado do folclore popular: É o mês do desgosto!


Crendices a parte , Agosto é o mês do folclore ou sabedoria popular. Muitos e diversos são os discursos sobre o folclore. No meio acadêmico hão os que defendam e os que condenem os estudos do folclore. Existe na academia um ranço que afirma que o folclore é coisa de analfabeto e ignorante, e por isso o mesmo não possui um discurso que o legitime como expressão reconhecível pelo meio acadêmico. Ouvi muito a professora de formas de expressão e comunicação artística ( FECA), defecar pela boca que folclore era coisa de analfabeto! Obviamente essa afirmação era fruto de uma visão de mundo aburguesada. Aliás, academia é lugar de gente burguesa. Pior, pequeno burguesa!


O que mais me deixa boquiaberto é que nossa academia segue padrões Europeus e Norte Americanos. Se formos analisar são os que mais documentam nossa cultura popular. São apaixonados pela nossa pelas nossas minfestções folclóricas!


Pergunto: O que o fato de um artesão ou artista popular ser analfabeto o impede de ter sabedoria?


Nada, certo? Errado, no ponto de vista de alguns acadêmicos escrever texto justificando por que Duchamp reinventou o sistema decadente de Artes é mais importante que ser sábio...Na verdade a academia tem dificuldade em aceitar que negros pobres, mestiços e paraíbas possam fazer Arte e se legitimar com isso!
A composição de Lenine consegue sintetizar o quanto de riqueza possui a cultura popular nordestina. Suas manifestações folclóricas é o que dá caldatura e contorno a identidade do povo daquele lugar, é o que os torna singular.A cultura popular é importantíssima como elemento que dá caldo a cultura de uma nação. Somente a professora de FECA - nome horroroso pra uma disciplina- não conseguia em sua miopia intelectualóide constatar tal fato.


Me dá calafrios quando escuto uma galera seja das Artes Plásticas, do meio Acadêmico ou seja lá qual for a origem , dizer: Pouxa eu não gosto do Lenine por que ele é folclórico, nem dele nem do Zeca Baleiro, Nem da Rita Ribeiro, Nem do Chico César...Argh! Da vontade de dar porrada! Por que a ignorância é tanta que o infeliz põe num mesmo balaio questões que ele mal sabe versar sobre!Viram? Pelo fato desses artistas mesclarem elementos da cultura popular a suas músicas , os mesmos são classificados pejorativamente de folclóricos. Folclore aqui tem uma conotação negativa, de inferioridade, de coisa menor pelo fato de ser feito por gente muitas vezes humilde, sem formação acadêmica.Mal sabem que folclore é toda a riqueza de um povo, o que dá identidade, singularidade e caráter a uma nação!Infelizmente somos colonizados. Por isso, você vai ver uma galera ouvindo Havey Mettall e louvando os Deuses do Metal e renegando sua cultura. Um comportamento lamentável.Ou então fanáticos religiosos invadirem Barracões ou Centro de Umbanda quebrarem tudo e agredirem seus frequentadores.


'' Um povo sem identidade é um povo sem caráter''


Um beijo grande a todas a amigas e abraços fraternais de seu amigo Sérgio!





Um comentário:

  1. Valeu!! Não podemos ficar em silêncio diante de tanta ignorância.

    Um abraço,

    Luciene

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Camara de Ecos: Nasci sob um teto sossegado, Filho de Pai Árabe e uma Sertaneja Baiana, Agora entre meu ser Eo ser alheio a linha de fronteira se rompeu, A memória é uma ilha de edição, Samba: expressão das etnias negra ou mestiça do quadro da vida urbana brasileira; A quase catatonia do quase Cinema, Júbilo epifânico do Édem. Tenho os pé no chão por que sou de Sagitário.Mas a cabeça, gosto que avoe...