quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Olho de Peixe

Este texto foi extraido do site Overmundo
Primeira Capa de LP desenhada no Brasil por Paulo Brèves (Sinter, 1951)
Em comparação a outras artes aplicadas, são relativamente recentes as artes gráficas no Brasil. A proibição da imprensa, que perdurou até a vinda da Família Real em 1808, trazendo em sua bagagem a primeira prensa tipográfica “legalizada” (inventada no século 15, não esqueçamos), ocasionou-nos um sensível atraso nesse setor. Isto é flagrante, por exemplo, em relação a América espanhola, que incentivou a imprensa desde os primórdios da colonização (e sua consequente produção de livros e literatura – uma outra grande falha na nossa formação cultural com efeitos sentidos até hoje).Em termos absolutos, portanto, o design gráfico brasileiro é bastante recente. Curiosamente, no entanto, no design de capas de discos, somos pioneiros ao lado dos EUA, Inglaterrra e França. Se a primeira capa de disco long-play é produzida em 1948 por Alex Steinweiss na recém criada Columbia Records, já em 1951 Paulo Brèves desenha a primeira capa de Lp no Brasil para a Sinter (distribuidora da Capitol). Mesmo assim, são apenas 50 e poucos anos de cultura visual do disco em nosso país.Atualmente, para o designer, a primeira vista, o espaço diminuiu. Dos 31 x 31 cm do LP restaram 12 x 12 cm no CD; a distribuição musical pela Internet e o iPod nos levarão para caminhos ainda insuspeitados: nunca mais uma capa como Milagre do Peixes, de Milton Nascimento, que se abre num poster de 90 cm com a letra de cada música em papéis coloridos independentes. Ou a Blitz 3 com três versões de capas impressas em cores diferentes.Mas, a mística continuara' para sempre: nunca mais esqueceremos o "Álbum Branco" dos Beatles ou as "cabeças cortadas" do primeiro disco dos Secos e Molhados. E por mais que ouçamos, queremos também “ver e tocar”. Procuramos, talvez, uma “confirmação” das emoções e sentimentos suscitados por aqueles sons. Pergunte aos amigos sobre algum disco marcante e as imagens gráficas das capas explodem na memória junto com os sons. Os discos eram “conceitos” e os projetos gráficos faziam parte dele.As capas (e os discos) irão permanecer? É pouco provável. Mas nos sobra uma certeza: elas representaram para o design gráfico uma reserva criativa e um espaço privilegiado que jamais serão esquecidos pelos fãs da música, do design e da cultura material do século 20.Se voce quiser conhecer um pouco dessa história leia o ensaio "A história do design das capas de disco no Brasil" (tambem uma versao em inglês) no Jornal Musical em:

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Camara de Ecos: Nasci sob um teto sossegado, Filho de Pai Árabe e uma Sertaneja Baiana, Agora entre meu ser Eo ser alheio a linha de fronteira se rompeu, A memória é uma ilha de edição, Samba: expressão das etnias negra ou mestiça do quadro da vida urbana brasileira; A quase catatonia do quase Cinema, Júbilo epifânico do Édem. Tenho os pé no chão por que sou de Sagitário.Mas a cabeça, gosto que avoe...